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Barraquinhas temáticas de países foram sucesso na Julifest 2025

Barraquinhas temáticas de países foram sucesso na Julifest 2025

Barraca do Bairro Gutiérrez, a grande vencedora da edição. Imagem: Prefeitura de Itabirito / Por: Victória Oliveira

Com o ousado tema “Da Julifest para o mundo”, a edição 2025 de um dos maiores arraiais de Minas Gerais trouxe uma proposta inovadora: homenagear 20 países por meio das tradicionais barraquinhas comandadas pelas associações de bairro de Itabirito. A ideia, proposta pela Prefeitura, transformou o evento em uma verdadeira volta ao mundo, misturando sabores, cenários e trajes típicos, sem perder a essência da festa junina.

Cada associação teve o posicionamento da sua barraca sorteado, como de costume, e dessa vez também o país que representaria. A partir daí, começou a corrida criativa: decoração inspirada na arquitetura e nas cores nacionais, trajes temáticos, pratos típicos doces e salgados, além de bebidas. O cardápio tradicional da festa junina, com tropeiro, churrasquinho, cerveja, pinga com mel e o pastel de angu, que é Patrimônio Imaterial de Itabirito, também marcou presença.

Equipe da Barraca do Bairro Praia. Imagem: Victória Oliveira

A novidade gerou certo receio entre moradores e visitantes: será que a Julifest perderia sua identidade? Mas o que se viu foi o oposto. O público recebeu com entusiasmo as novas propostas, elogiou o capricho das montagens e esgotou diversos pratos internacionais.

E o esforço teve recompensa: como já acontece, as barraquinhas foram avaliadas por júri especializado, e R$ 37 mil foram distribuídos em premiações para as cinco primeiras colocadas.

Experiências e sabores: das massas italianas ao brigadeiro com especiarias

O Jornal O Liberal percorreu algumas das barraquinhas e conversou com representantes das associações que fizeram o bonito – e saboroso – na Julifest 2025.

A Itália do Bairro Praia

A Associação Apoio Comunitário do Bairro Praia, fundada em 1990, ficou com o 5º lugar este ano. Com 16 premiações acumuladas, dentre elas 9 primeiros lugares, a equipe levou toda sua experiência para montar uma charmosa cantina italiana.

A barraca foi decorada nas cores da bandeira (verde, branco e vermelho), e a equipe confeccionou 60 trajes típicos, 40 femininos e 20 masculinos. No cardápio, mini-pizzas, pastel de angu com recheio de pizza e vinhos, que variavam de R$ 50 a R$ 160 e precisaram ser repostos devido à alta demanda.

Para facilitar o consumo e evitar o material cortante circulando pela festa, os vinhos eram servidos em taças de plástico, com controle individual do nome do comprador, permitindo reabastecimento.

A presidente da associação, Nair Leonel, comentou sobre o processo criativo: “Desde que a gente descobriu o tema, gostamos muito e começamos a trabalhar em cima, a pesquisar sobre a Itália, suas cores, o tipo de construção. A gente tem uma turma de 20 pessoas na diretoria, e aí nos reunimos e chegamos ao consenso da casa e dos pratos. Primeiro a gente começou no macarrão, mas pesquisamos e achamos que a pizza ia ser melhor e que as crianças também iam gostar. Então a gente resolveu fazer mini-pizzas e foi um sucesso. A gente fez 700 pizzas e todas já acabaram”.

Além disso, os vinhos também tiveram boa saída: mais de 100 garrafas!E a barraca ainda comercializava combos com alimentos e bebidas. “Se Deus quiser, ano que vem vamos arrasar novamente”, concluiu Nair.

A Índia do Bairro Meu Sítio

Representando a Índia, a Associação do Bairro Meu Sítio apostou na explosão de cores e sabores marcantes. O presidente Dinho, como é conhecido, destaca que foi uma escolha desafiadora, principalmente pela preocupação com o preconceito em torno da culinária indiana. Era preciso reverter essa imagem, e por isso investiram numa bela decoração, fazendo referências à arquitetura dos templos hindus e seus deuses e explorando diversas cores, até mesmo nos trajes da equipe.

Barraca do Meu Sítio, representando a Índia. Imagem: José Francisco da Silva (Dinho)

No cardápio, o prato temático foi o Masala Beans, um feijão apimentado típico. A aceitação foi tímida, mas a sobremesa, um brigadeiro foi sucesso absoluto, com cerca de 800 unidades esgotadas. Já o tradicional tropeiro, mesmo fora do tema, seguiu sendo o carro-chefe, com 1.200 a 1.500 porções vendidas.

A expectativa de Dinho de alcançar uma colocação entre os cinco primeiros lugares não foi cumprida, mas a renda das vendas por si só já é de suma importância. A associação contou com uma equipe de 30 pessoas, todas contratadas, e o lucro para além disso será revertido na realização da 3ª edição do Festival Solidário do Meu Sítio, que busca combater estigmas sobre o bairro e ajudar famílias em situação de vulnerabilidade.

Sabores do mundo em cada esquina

A barraca do bairro Acuruí trouxe o Líbano como tema e encantou com o cardápio: shawarma (pão sírio recheado com salada e creme de alho), quibe, baklava (doce com nozes e massa folhada) e araque, bebida destilada feita com uva branca e anis.

Na barraca da Vila Gonçalo, que homenageou a África do Sul, o destaque foi o caldo de banana verde. Já a barraquinha da Associação Vila Josè Lopes, que representou o Canadá, serviu o poutine, prato típico com batatas fritas, queijo e molho de carne. Cada cantinho da festa oferecia uma nova experiência olfativa, com aromas de diferentes temperos utilizados, visual e cultural e, claro, de sabores.

Premiação e espírito coletivo

A competição entre as associações é acirrada e mobiliza bairros inteiros. Os jurados consideraram critérios como construção, decoração, atendimento, organização, caracterização de equipes, pratos tradicionais locais e dos países homenageados.

Premiados de 2025:

1º lugar: Bairro Gutierrez (Espanha) – R$ 14 mil

2º lugar: São Gonçalo do Bação (Argentina) – R$ 9 mil

3º lugar: Quinta dos Inconfidentes (Áustria) – R$ 7 mil

4º lugar: Jan Hasek (Portugal) – R$ 4 mil

5º lugar: Bairro Praia (Itália) – R$ 3 mil

A campeã, Associação Comunitária do bairro Gutierrez, trouxe como prato típico o rabo-de-touro, semelhante à rabada, e recebeu o maior prêmio da noite. A presidente Maria Teresa Paranhos celebrou a conquista com emoção: “O sentimento é de gratidão a Deus e a tantas mãos e corações trabalhando no coletivo pelo senso comum. Somos uma equipe voluntária e descobrimos que juntos podemos ir além. Acreditamos no nosso objetivo e cada ação foi executada com muito empenho”.

O resultado, no entanto, não agradou a todos. Nas redes sociais, especialmente no Instagram, diversos comentários expressaram discordância quanto à classificação final, indicando possíveis injustiças na avaliação e sugerindo votação popular nos próximos anos. Apesar disso, muitos elogiaram a proposta temática e o empenho das associações.

Entre bandeiras internacionais e o calor humano que só uma festa junina mineira tem, a Julifest 2025 provou que é possível inovar sem perder a tradição. As associações mostraram que criatividade, dedicação e paixão foram os verdadeiros ingredientes que garantiram o sucesso de mais uma edição.

Cardápio Libanês da Barraquinha do Acuruí. Imagem: Victória Oliveira

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